google.com, pub-5142149462024594, DIRECT, f08c47fec0942fa0 google.com, pub-5142149462024594, DIRECT, f08c47fec0942fa0 ALVITEXTO: Acômodo
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ALVITEXTO: Acômodo

Reprodução: @cearasc


Após o titulo cearense o Ceará não engrenou na temporada. Sem vencer há seis jogos, o clube só conquistou um ponto na série B, foi eliminado na Copa do Nordeste e perdeu o primeiro jogo da Copa do Brasil. Os recortes são negativos tanto na defesa quanto no ataque: levou gol em cinco dos seis jogos citados, além de criar muito e marcar poucos gols.


No futebol, toda a culpa é coletiva e muitas vezes essa coletividade fica a cargo de pessoas bem longe do espetáculo das quatro linhas. Em meio a crises politicas, trocas de patrocinadores e transferban, o alvinegro montou um elenco tecnicamente bem melhor em relação ao do ano passado, contudo, algumas negligencias cobraram o preço assim que os torneios de maior peso começaram, e ter contratado dois atletas para posições cheias de opções não ajudou muito.


Maycon Cleiton e Patrick De Lucca nem de longe são as piores opções do mundo, só que: O Ceará já contava com dois bons goleiros, Richard e Bruno Ferreira, tem César que transita entre a base e os profissionais e tem Fernando Miguel, contratado a peso de ouro mas que está lesionado. Antes que você pense que: "Ah, mais três goleiros é arriscado", vou te alertar que: No confronto entre Novorizontino e Ceará de 2023, supostamente Vagner Mancini e Bruno Ferreira teriam discutido e isso gerou um atrito entre os dois, tanto que após essa partida, ele atuou em apenas cinco oportunidades, sendo uma delas por lesão do titular Richard.


De Lucca chegou para um setor que é sempre bom ter peças, mas que possuí uma competição acirrada. Richardson e Lourenço são titulares absolutos, Castilho costuma entrar bem e está em seu terceiro ano de Ceará, Jean Irmer não é um sonho, mas é sempre a primeira opção quando se fala de jogo defensivo, Mugni e Bruninho ainda não mostraram a que vieram, mas, o argentino é titular e o mineiro sempre entra no decorrer das partidas.


Fora a enorme competição, o histórico não ajuda o recém chegado. Sem conseguir ter muitas oportunidades no Vasco por causa do longo histórico de lesões, o meia veio ao Ceará por empréstimo, com o claro objetivo de se colocar em forma, algo que aconteceu ano passado no mesmo vovô. Em 2023 o nome da vez foi o volante Zé Ricardo, que chegou precisando ser operado e nunca obteve o espaço que tinha no América MG.


Enquanto alguns setores do elenco estão superlotados, outros estão vazios até demais. Muito dependentes de Aylon e Erick Pulga, o setor ofensivo do Ceará é paupérrimo em opções. Fora a dupla, sobram o criticado (Com muita razão) Janderson, os inadaptados Facundo Castro e Barceló (Sim, existem dois Facundos em um time brasileiro) , o lesionado e limitado Saulo Mineiro e alguns meninos da base com pouca minutagem.


Como podem perceber, talvez fosse uma boa ideia focar o mínimo de espaço que eles tinham após transferban para dois pontos cruciais: Um reserva para Pulga e um ponta direita que seja unanimidade. As apostas em Janderson e Castro se mostraram erradas no inicio da temporada, o time teve tempo o suficiente para ao menos mapear nomes no mercado, mas preferiram não intervir no monocromático trabalho de Mancini.


Preso a um esquema fadado ao erro, Vagner Mancini vai insistir em um time pobre de ideias, que tem muita posse mas não consegue transforma-las em finalizações, que tem uma linha alta mesmo com uma zaga muito lenta e laterais que sobem muito ao ataque e tem uma péssima transição na hora de voltar a defesa, tudo isso porque a conquista estadual vai lhe dar vida extra ao comando do Ceará.


Gastar uma janela de contratação com uma peça que só serve para reforçar uma suposta birra no lugar de pedir alguém que possa dar uma sobrevida a esse 4 3 3 mal montado, mostra que Mancini pouco liga para resultado mas sim para estar certo, pena que nem isso ele consegue provar. Ter sacrificado Aylon na ponta direita, por mero capricho, foi prejudicial ao time e ao atleta. A produção do ataque e do camisa 11 caíram e isso não é mera coincidência.


Aylon não é nenhum craque, mas a sua movimentação de sair do ataque ao meio-campo não só abria espaço para as subidas de Lourenço e Pulga, como também ajudava a criação, buscando a bola e distribuindo a mesma para os jogadores de lado. Agora ele foi limitado a guardar posição e buscar cruzamentos na grande área, reduzindo sua melhor caraterística a um mero nada por falta de opções e inventividade.


Junto a isso, a insistência em jogadores que pouco contribuem para o meio de campo incomoda boa parte dos torcedores e analistas. Lucas Mugni é um completo vazio em campo, acerta duas viradas de jogo e se dá por satisfeito, não contribui na marcação, é tímido pisando na área e participa pouquíssimo do jogo. Sobre Jorge Recalde, o outro "gringo sensação" do elenco, o fato dele andar em campo no lugar de pressionar a saída de bola do adversário fala muito sobre o empenho e desempenho do atleta.


Falta de opções é um problema importante, a de inventividade um maior ainda. Se não tem o necessário, muda. Terminar abraçado com um esquema nada funcional, apenas pelo simples fato de ser tão limitado quanto o elenco que comanda parece uma boa ideia? Troque as peças, adapte, mude o esquema, seja diferente, não adianta nada dizer que está "tentando melhorar" e continuar fazendo tudo de errado em todas as partidas.


Se persistir a insistência no 4 3 3, que tal abrir o Bruninho em uma das duas pontas? Já que é coisa que ele fez bastante no Guarani. Castilho no lugar do Mugni, para ao menos ter mais sangue e garra no meio campo pode ser uma boa ideia. Tentar fazer um time mais reativo, uma vez que os laterais tem péssima transição defensiva e a dupla de zaga é bem lenta, ou mudar a estratégia da mesma transição, já que Richardson ajuda bem na saída com três jogadores; São todas ideias que poderiam ser ao menos testadas.


Experimentar uma formação com quatro no meio, três zagueiros para beneficiar os alas, algo que seja diferente. Não adianta ir de coletiva em coletiva, de jogo a jogo, falar que está tentando a mudança, algo novo, e os erros continuarem aparentes e as soluções bastante distantes, precisa realmente querer mudar.


Largar convicções fadadas a derrota para focar no bem da instituição e do grupo é o mínimo que Vagner Mancini pode fazer na situação em que se encontra. Sem ter peças adicionais, resta ao comandante alvinegro juntar o que tem e fazer diferente, pode ser difícil, mas não deve doer. Vagner é um bom treinador, os trabalhos com orçamentos mais modestos credenciam ele a ser um bom nome para inicio de projeto, mas a sua insistência até irritante em erros pode minar seu futuro.


No futebol nada é individual, mas pequenos movimentos podem ter um impacto bastante efetivo. Cabe a Mancini pensar diferente com as peças que tem, ao elenco correr mais por aquele torcedor que paga sócio e se locomove ao estádio para ver uma boa partida de futebol, ao departamento de futebol que tem como missão consertar as lacunas do elenco no meio do ano e ao torcedor fazer o que sempre faz: Apoiar.


Não vai ser fácil, ninguém nunca prometeu que seria, mas o Ceará tem as condições de melhorar o ano, basta querer mudar.

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